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23 de Abril de 2024

AGU defende possibilidade de universidade pública cobrar por pós-graduação lato sensu

há 7 anos

AGU defende possibilidade de universidade pblica cobrar por ps-graduao lato sensu

Ainda que oferecidos por universidades públicas, os cursos de pós-graduação lato sensu são voltados para atender demandas individuais e sazonais por aperfeiçoamento profissional. Desta forma, não é correto impor à coletividade a obrigação de financiá-los. É o que a Advocacia-Geral da União (AGU) defende em caso que começou a ser julgado nesta quinta-feira (20/04) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A discussão é feita no âmbito de recurso extraordinário (nº 597854) interposto pela Universidade Federal de Goiás (UFG) contra decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que considerou que a cobrança de mensalidade em curso de pós-graduação oferecido pela instituição afrontaria a garantia constitucional de gratuidade do ensino público (artigo 206, inciso IV).

Para a AGU, no entanto, apenas os cursos de graduação e pós-graduação stricto sensu (mestrados e doutorados) estão abrangidos pelo conceito de ensino público e devem obrigatoriamente permanecer gratuitos, uma vez que os cursos lato sensu – ainda que oferecidos pelo qualificado corpo docente das universidades em benefício da sociedade –atendem demandas pontuais do mercado de trabalho.

“A pós-graduação lato sensu destina-se ao aperfeiçoamento profissional e é organizada segundo normas de cada instituição de ensino, sendo oferecida episodicamente, sobretudo para atender a interesses de empresas e outras instituições conveniadas com o fim de suprir sazonais demandas de mercado”, argumentou a AGU em memorial encaminhado aos ministros do STF. “A interpretação que estende a gratuidade a todo e qualquer ensino que se promova nas instituições de ensino superior significa impor à sociedade o custo de cursos voltados a necessidades individuais, sazonais e apresentadas pelo mercado”, completou a Advocacia-Geral no documento.

Inviabilização

A AGU também alertou que impedir as universidades públicas de efetuar a cobrança inviabilizaria os cursos lato sensu, uma vez que as instituições precisam alocar recursos prioritariamente em suas atividades fundamentais. Segundo a Advocacia-Geral, isso prejudicaria não só a sociedade que busca tais aperfeiçoamentos, mas as próprias universidades, que hoje se beneficiam desse mecanismo – seja utilizando os recursos captados com os cursos para investir em pesquisa, seja por meio do incentivo que ele oferece para que professores se mantenham atualizados e alinhados com as demandas do mercado de trabalho.

Por fim, a Advocacia-Geral lembrou que o artigo 212 da Constituição estabelece que as atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão, facultativamente, receber apoio financeiro do poder público – o que deixa claro que o legislador constituinte pretendeu permitir o financiamento privado delas.

O recurso teve repercussão geral reconhecida, o que significa que o decidido pelo STF no caso deverá ser observado em todos os processos semelhantes tramitando na Justiça do país. O relator é o ministro Edson Fachin. Atuam no caso a Procuradoria-Geral Federal – órgão da AGU que representa judicialmente entidades da administração indireta como a UFG – e a Secretaria-Geral de Contencioso, órgão da AGU que representa a União no STF.

Raphael Bruno

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3 Comentários

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Meu Deus, o assunto tão importante ... e não vejo o povo interessado em comentar ... será que se fosse do outro partido politico ... já teríamos milhares de comentários raivosos ? E agora temos um presidente da Res bem falante (safado e ladrão como qualquer outro politico) acho que um pouco pior pois tem demonstrado que já comprou a mídia e outro poder ... (ja sei serei acusado de mortadela só porque falei mal do Temer kkkkkkkk) continuar lendo

Defendo a ideia também já que a grande maioria de alunos que estudam em Universidades públicas são os que tem condições para pagar. Tanto Lato Sensu quanto Strictu Sensu. Que seja feita uma avaliação Sócio Econômica dos alunos e dos pais destes e cobrem de quem pode pagar. continuar lendo

Querem acabar com tudo que é público, infelizmente! Querem se promover com teses e mais teses...e mostrar trabalho! Eu não vejo nada de algo bom, ou seja, usar os neurônios para reduzir os problemas da nação, modelos de gestão, de governança....enfim, mais uma ação para sustentar que estão fazendo alguma coisa e que estão justificando os alto salários recebidos. continuar lendo